Alexandre Vidal/Flamengo

Há aproximadamente três meses, Atlético Goianiense e Flamengo protagonizaram o duelo que marcou um dos maiores fiascos da Era Domènec. Diante de um adversário muito, mas muito inferior tecnicamente, foi por 3×0 que o rubro-negro carioca foi derrotado naquela fatídica quarta-feira de agosto. Talvez tenha sido exatamente nesse dia que os torcedores do Mais Querido tiveram noção que 2020 não seria como imaginavam. Eles estavam certos.

O tempo passou, o 2º turno chegou e as equipes se reencontraram ainda há pouco no Maracanã, agora pela 21ª rodada do mesmo torneio. De lá pra cá, um turbilhão de emoções. Teve goleada vexatória, inúmeras lesões, casos de Covid-19 e teve a CBF. Enfim, todos aqueles elementos perniciosos que sempre atrapalham a caminhada de qualquer agremiação de futebol. Mas teve também a tão esperada troca de treinador.

Rogério Ceni estreou esta noite no Brasileirão. O ex-goleiro, de perfil e histórico de liderança e de vitórias, tem mostrado sintonia com o elenco e, principalmente, determinação em resolver os problemas defensivos do time da Gávea. De fato, promoveu mudanças. Mesmo em pouquíssimo tempo, vem implementando exaustivos treinamentos de saída de bola e trouxe de volta o aclamado desenho 4x4x2 de 2019. A ideia é adequar a teoria tática às características individuais dos atletas que tem no plantel. Mas o começo tem sido difícil.

O Flamengo fez um 1º tempo no máximo razoável, ainda com dificuldades na saída de bola e correndo muitos riscos em sua defesa. A novidade era o posicionamento de Thiago Maia mais ofensivo e aberto pela direita. Porém, foi com um lançamento dele pela zona central que o meia achou Bruno Henrique, que disparou e concluiu de perna esquerda pra marcar o gol único dos cariocas.

Após o intervalo, aos 13 minutos, um erro de passe infantil de Maia e a bola sobrou pros goianos na entrada da área, o meia Chico ganhou na dividida de Léo Pereira e tocou pro atacante Zé Roberto fuzilar pras redes e vencer Hugo Souza. Um detalhe sórdido é que TM havia se contundido e mancava momentos antes e, surpreendentemente, foi mantido entre os onze, sendo substituído apenas após o lance. Não podemos também deixar de citar a conhecida falta de combatividade do nosso defensor LP.

A rapaziada do Ninho nitidamente sentiu o golpe e, se estavam em dificuldades, as coisas pioraram a partir da igualdade no placar. O Fla se limitava a abrir as jogadas nos extremos do campo e alçar bolas na área pra ver o que dava. Não deu em nada. Nada aconteceu até o final.

Na verdade até aconteceu. No último minuto do tempo regulamentar, um passe de Arrascaeta pela direita deixou Lincoln debaixo das traves e sem goleiro. Na finalização, o centroavante mais uma vez fez das dele, deu de canela na bola e deixou escapar a vitória.

Individualizar as derrotas não é algo muito indicado pra quem analisa esportes coletivos, mas, definitivamente, alguns jogadores não podem mais ser mantidos entre os titulares. A galera que veste vermelho e preto está exausta de aguardar a escalação e dar de cara com nomes como Gustavo Henrique, Léo Pereira, Renê, Lincoln e talvez alguns outros. Entra técnico, sai técnico e a angústia continua. A diretoria pode vendê-los, pode emprestá-los, só não pode permitir que continuem nos prejudicando, pois já provaram que não merecem representar nossas cores.

Apagões defensivos, erros individuais, falta de verticalidade, falhas em finalizações. Esse foi o retrato de um Flamengo que parece ter perdido o gosto pelas vitórias.

SRN

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