Na primeira etapa do confronto entre Flamengo e Atlético-GO, válido pela 21ª rodada do Campeonato Brasileiro, os dois times deixaram claro suas propostas dentro de campo. Enquanto o rubro-negro carioca atuou num 4-4-2 em bloco médio que buscava construir pelos lados com muita dificuldade, o Atlético-GO atuou num 4-2-3-1/4-4-2 que buscava acelerar com os pontas Janderson e Ferrareis.

O Mengão teve muitos problemas com saída de bola, muito por conta da pressão média que Chico e Zé Roberto faziam nos zagueiros Gustavo Henrique e Léo Pereira. Normalmente, Arão baixa para a linha defensiva para auxiliar no passe, porém com Ceni o volante vem sendo utilizado mais avançado como um volante de responsabilidades ofensivas. Vitinho e Renê conseguiram construir algumas jogadas pelo lado direito, porém Thiago Maia aberto à esquerda demonstrou claramente estar desconfortável, por não ter característica de criar do lado para o centro e trabalhar com a passagem do lateral direito Matheuzinho. Em alguns momentos, o volante cria do Santos, atacava a área enquanto Gabigol abria a esquerda fazendo o papel de meia e, apesar desses momentos, Maia conseguiu ser efetivo atuando mais centralizado. Dessa forma atacou a área e acertou chute no travessão. Bruno Henrique começou mais uma vez bastante desconectado do jogo, porém aos poucos conseguiu explorar os espaços entre os volantes e os zagueiros. Em bom passe de Renê, Bruno acertou belo chute defendido por Jean e num erro da zaga goiana, recebeu enfiada de Maia e marcou o gol do Flamengo.

Defensivamente, a equipe esteve bem menos exposta, porém o time pouco “mordeu” o adversário. Um marcação muito passiva que, apesar de dar mais segurança à linha defensiva, deixava o adversário ter a bola e conseguir também propor seu jogo, sem a pressão na bola. Apesar dos 65% de posse de bola e 19 finalizações do Flamengo durante toda a partida, o Atlético/GO conseguiu chutar 5 bolas à gol e ser perigoso durante quase toda a partida, construindo pelos lados de campo. Em uma dessas bolas no gol, já no segundo tempo, empatou o confronto. Chico em rápida transição, conseguiu passar de Léo Pereira, após bote ruim, e servir Zé Roberto para marcar o gol de empate.

No decorrer da segunda etapa, após lesão, Michael deu lugar a Thiago Maia e passou Vitinho para o lado direito. Com isso o time foi se tornando cada vez mais lateral e buscando vencer o jogo nos duelos mano a mano. Vitinho conseguiu bela finalização que passou tinta da trave, porém o time foi afunilando cada vez mais as jogadas para área sem nenhuma produtividade. Arrascaeta entrou no lugar de Arão, para atuar como um meia por trás dos dois atacantes; Natan deu lugar a Gustavo Henrique pendurado e Lincoln deu lugar a Gabigol, que sentiu dores na parte posterior da coxa esquerda. O Flamengo passou a atuar num 4-1-3-2. O Atlético-GO reforçou a marcação com os laterais Natanael e Arnaldo e o volante Matheus Vargas, além de dar gás novo no ataque com Junior Brandão. O time goiano começou a marcar num 4-1-4-1 para proteger melhor os lados de campo e a estratégia conseguiu ser correta em quase todos os momentos.

No final, em bela jogada, Vitinho deu passe para Arrascaeta que serviu Lincoln para marcar o gol da vitória, sozinho na pequena área, porém o centro-avante foi totalmente displicente e perdeu o gol com uma finalização fraca, que foi interceptada pelo defesa do time de Goiás. Fim de jogo, Flamengo 1×1 Atlético-GO.

Mais uma vez, erros individuais foram preponderantes para o empate. Porém, apesar disso, a atuação coletiva foi o principal fator para mais um resultado negativo. O time apresentou pouquíssimas opções de construção e foi pouco combativo em sua marcação, deixando em muitos momentos o adversário à vontade durante o jogo. Com dois jogos, Flamengo já se tornou uma equipe mais segura na defesa sob o comando de Rogério Ceni, porém de uma forma que não será suficiente durante a temporada. Marcar com linha média/baixa e sem pressão na saída adversária não faz parte do DNA ofensivo rubro-negro. Rogério precisa dosar suas precauções defensivas com a necessidade de pressionar a bola no campo de defesa adversário, para não limitar o trabalho ofensivo da equipe.