Reprodução: Alexandre Vidal/CRF

A boa vitória na última quinta-feira (21/01) contra o Palmeiras e tropeços dos adversários criaram uma atmosfera muito favorável para o Mengão na tarde de ontem (24/01). E isso se refletiu nos primeiros minutos do confronto em Curitiba. O Flamengo conseguiu nos primeiros 15 minutos do confronto contra o Athlético/PR se impor e ter posse de bola no campo do adversário. Atuando no 4-2-3-1, criou algumas possibilidades de pré-assistências para finalizações, seja com a dupla Everton Ribeiro e Isla pela direita, seja por Vitinho pela esquerda atacando os espaços entre os zagueiros e os laterais athleticanos. Contudo, tanto o gramado da Arena da Baixada, que dificultou muitos passes fáceis, quanto a atuação ruim do trio fizeram com que o Flamengo não fosse contundente no início do jogo.

Já o Furacão, se postou inicialmente num 4-4-2 com Kayser e Carlos Eduardo sobrando na frente e Nikão e Canesin pelos lados fazendo a recomposição. Em bloco baixo no início do jogo, o time buscava contra-atacar em transições ou forçando erros na saída de bola. Arão conseguiu nos primeiros minutos qualificar a saída rubro-negra e facilitar a quebra de linhas, contudo com o passar do jogo foi ficando cada vez mais desconfortável, principalmente pelo time paranaense subir a marcação após os 15 minutos iniciais e pressionando a saída rubro-negra com dois homens na frente. Hugo continua com muita dificuldade com os pés e, além de errar um passe que quase gerou um gol athleticano, não conseguia ajudar na saída de bola, com diversos chutões. Filipe Luís trabalhou mais por dentro, quase como um terceiro zagueiro, para facilitar a saída de bola que era pressionada por dois atacantes adversários e foi um dos poucos que conseguiram se destacar. Contudo o Flamengo começou a sofrer bastante com as bolas invertidas de Nikão para Abner. O Mais Querido não conseguiu neutralizar essa arma paranaense tanto pela falta de pressão no homem da bola, que no caso era Vitinho fazendo a recomposição pelo lado esquerdo, tanto pela falta de cobertura aos avanços de Abner, onde Everton Ribeiro seria o responsável por isso.



E assim, em 3 bolas invertidas o Athlético/PR criou suas principais chances na primeira etapa. Na primeira inversão, Everton Ribeiro conseguiu fazer a cobertura em Abner e o lance não gerou perigo. Na segunda inversão, Abner marcou o primeiro gol do Athlético no jogo após falha na cobertura do camisa 7 da Gávea, 1×0. Já na terceira inversão, Abner conseguiu finalizar, porém atrapalhado por Everton Ribeiro. Após o gol sofrido, o Flamengo continuou a buscar o ataque, porém sem eficiência ofensiva. Em bola parada, Gustavo Henrique recebeu belo passe de Arrascaeta e empatou a partida.O primeiro tempo terminou com a sensação de que o Flamengo teve bastante sorte em não sair com a derrota, pelas chances criadas pelo rubro-negro de Curitiba.

O segundo tempo começou numa pegada parecida aos 45 minutos iniciais: o Flamengo mais com a bola conseguindo ter a posse ofensiva e criando espaços para atacar. Porém a linha ofensiva rubro-negra estava num dia muito pouco inspirado. Arrascaeta não conseguia atacar a região entre linhas, muito por conta da marcação bem encaixada pelos volantes atlheticanos. Everton Ribeiro e Isla pioram ofensivamente na partida e Vitinho não conseguia vencer o duelo individual com o lateral direito Jonathan. E a partir daí, Rogério Ceni começou a fazer substituições muito questionáveis. Inicialmente, Ceni tirou Gabi e Everton Ribeiro para as entradas de Pedro e Pepê. Com isso o Flamengo continuou a jogar num 4-2-3-1 porém com diferentes peças que não conseguiam criar espaços para o ataque flamenguista. Já Athlético de Paulo Autuori, que já havia sacado Carlos Eduardo para a entrada de Vitinho, respondeu com as entradas de Jadson e Jaime Alvarado nos lugares de Canesin e Christian. Com isso, Jadson foi para a meia esquerda, Vitinho, que estava atuando alinhado a Renato Kayser, foi para a esquerda e Nikão passou a atuar mais centralizado.

Após isso, Ceni fez a mudança que causou mais estranheza dentre todas: sacou Arrascaeta para a entrada de Rodrigo Muniz. Em campo, Ceni tinha uma ideia clara: ter mais um homem dentro da área no momento ofensivo, atacando num 4-4-2, porém que conseguisse fazer a recomposição defensiva pela direita, defendendo num 4-1-4-1 com Gerson e Diego se revezando mais a frente. Porém a equipe perdeu demais a capacidade técnica de conseguir agredir o adversário, por conta da qualidade muito abaixo dos suplentes de Gabi e Arrascaeta, no caso Pepê e Muniz. Autuori respondeu rapidamente com a entrada do zagueiro Zé Ivaldo no lugar do volante Richard e se defendeu numa linha de 5, para gerar superioridade defensiva contra Pedro e Muniz. Dessa forma, Nikão voltou a atuar mais aberto e Jadson mais por dentro, atuando como volante numa espécie de 5-4-1. Além disso, Autuori promoveu a entrada do lateral Khellven no lugar de Jonathan, para conseguir ter fôlego para as transições rápidas pelos lados. E assim o Athético/PR conseguiu fazer o gol da vitória. Em bola roubada no meio, Nikão acionou Khellven que cruzou na medida para Kayser atacar a área e marcar o gol da vitória athleticana. Após sofrer o gol, Ceni promoveu as entradas de Matheuzinho e Michael no lugar de Isla e Vitinho. A equipe não mudou taticamente e foi aos poucos se derretendo em campo, pela falta de força ofensiva para buscar a vitória, tendo em vista a disparidade técnica entre os titulares e reservas.

A derrota na Arena da Baixada tem muita responsabilidade de Ceni, por mais uma vez ter aos poucos dissolvido o sistema ofensivo rubro-negro. A equipe que, mesmo numa tarde pouco inspirada de seus atacantes, conseguia criar espaços com Everton Ribeiro, Arrascaeta e Gabigol. Porém, foi se enfraquecendo com as entradas dos jovens Pepê e Muniz. Isso é muito fruto da teimosia do técnico em não buscar alternativas diferentes e seguir convicções que possui, como por exemplo a impossibilidade de Gabi e Pedro atuarem juntos. Os melhores jogadores precisam de um esquema que os adapte e não o contrário, assim seria possível sim atuar com os dois e realizar uma recomposição pela direita, com a presença de Isla afundado pela direita, por exemplo. Ou então, com o deslocamento de algum meia pela direita (Vitinho ou Everton Ribeiro), para fazer com que Gabigol fosse um atacante que flutuasse pelas costas de Pedro e Arrascaeta fosse o meia pela esquerda. É preciso respeitar a hierarquia técnica de seus atacantes e mante-los, criando alternativas para que o time consiga se manter defensivamente bem. No fim, opções não faltam, o que parece faltar é maleabilidade para Ceni trabalhar fora de suas ideias já estabelecidas de futebol, em prol de potencializar seus melhores jogadores em momentos decisivos.