Reprodução: Alexandre Vidal/CRF

A partida entre o rubro-negro carioca e o tricolor baiano já desde no início mostrou que seria completamente fora da curva desde os minutos iniciais. Com o gol aos 3 minutos de Bruno Henrique e o cartão vermelho dado logo em seguida de Gabigol, o jogo tomou proporções fora do habitual e a análise irá começar partir deste ponto.

Com um jogador a menos, o Flamengo se reorganizou num 4-4-1, onde Bruno Henrique foi a referência no ataque, enquanto as duas linhas de 4 rubro-negras em bloco médio/baixo esperavam o Bahia atacar. Após a expulsão, Mano Menezes pós a campo Daniel no lugar de Edson para dar qualidade ao 4-1-4-1, como volante central. Apesar de algumas ocasiões criadas pelo lado direito, com a dupla Nino Paraíba e Rossi, o Bahia pouco criou com a bola principalmente pela compactação do meio de campo flamenguista. Pelas laterais, Filipe Luís pecava em algumas tomadas de decisão pela esquerda, enquanto Isla fez partida defensivamente muito boa. Pelo meio, enquanto Everton Ribeiro destoava, por além de não conseguir conectar o ataque rubro-negro, defensivamente ter sido um pouco displicente no fechamento de espaços, Gerson e Arrascaeta se destacavam pelo empenho defensivo e pela construção de jogadas. E foi da dupla que o Flamengo construiu suas principais oportunidades para ampliar o placar: o Coringa encontrou bela jogada para Bruno Henrique vencer o zagueiro e servir Isla para fazer 2×0. Mesmo com um jogador a menos, o Flamengo igual a posse (50%), chutou mais ao gol (3×2) e poderia ter saído da primeira etapa com um placar ainda mais elástico, porém o camisa 27 perdeu grande oportunidade quase na pequena área para aumentar ainda mais o placar, após belo passe do meia uruguaio.

O segundo tempo começou com mudanças de ambos lados. O treinador tricolor trouxe Gabriel Novaes a campo e reformulou a equipe num 4-4-2, onde Gilberto teve mais liberdade flutuar na presença de um homem de área. Já Ceni adiantou Arrascaeta e o Flamengo atuou numa espécie de 4-3-2. A opção de Rogério se mostrou totalmente desastrosa. O Mais Querido não conseguiu pressionou a saída baiana, por ter um jogador para auxiliar na marcação dos volantes baianos, e além disso facilitou as infiltrações dos meias baianos na área rubro-negro. Em duas oportunidades, o Esquadrão de Aço chegou a área rubro-negra, ao vencer os duelos individuais no meio e pela esquerda com Natan e Filipe Luís. Na primeira oportunidade, Gabriel Novaes perdeu a oportunidade, após belo passe de Nino Paraíba, na segunda chance Indio Ramirez não desperdiçou a bola metida por Daniel e descontou o placar aos 5 minutos. Aos 10, Gilberto recebeu na entrada da área e sem a presença de nenhum volante próximo acertou belo chute para empatar a partida. Três minutos depois veio a virada baiana: em escanteio batido por Rossi, Gilberto venceu Natan e marcou de cabeça.

Com o placar adverso, Rogério colocou Pedro no jogo no lugar de Arrascaeta. Outra decisão bastante discutível, dado a péssima atuação de Everton Ribeiro. Com isso Ceni corrigiu seu erro e o Fla voltou a jogar no 4-4-1, com Bruno Henrique a esquerda e Pedro centralizado. O Bahia começava a atacar menos e explorar menos os espaços rubro-negros e também mudou. Trouxe Rodriguinho mais centralizado e Clayson aberto a direita para dar mais fólego ao ataque e explorar possíveis contra-ataques.

Entretanto, aos 36 minutos da etapa final, após escanteio Gerson, Bruno Henrique tramaram bela triangulação e o lateral-esquerdo serviu o centroavante Pedro, que de peito empatou a partida. Ceni mais uma vez mexeu mal na equipe: colocou Vitinho em campo no lugar de Isla. Com isso Everton Ribeiro foi para volância e João Gomes para lateral, para que Vitinho ocupasse o lado direito. Além de perder força no meio sem Gomes, o próprio volante cria da base recebeu bola enfiada pela direita e não conseguiu cruzar de forma correta para Pedro. Um lateral não improvisado teria feito bem melhor. Ceni rapidamente corrigiu mais um erro seu e trouxe Diego no lugar de Everton Ribeiro para preencher melhor o meio e Matheuzinho no lugar de João Gomes, para voltar a ter um lateral de origem. No fim, Bruno Henrique encontrou Pedro na área, que em toque genial de letra serviu Vitinho para encobrir o goleiro e decretar a épica vitória rubro-negra.

Dado todas as circunstâncias, seria muito irresponsável tecer críticas duras a Ceni pelo que ocorreu hoje, de maneira geral, até porque no final das contas as opções de ataque que o treinador fez na segunda etapa foram determinantes para a vitória. Um jogo totalmente atípico onde no final o fator psicológico prevaleceu demais. Entretanto é necessário pontuar as péssimas mudanças de Rogério durante toda partida. O treinador conseguiu, mesmo com o placar a favor, expor ainda mais um time com 10 jogadores em campo e após isso partiu para tentativas que claramente eram muito mais intuições do treinador do que opções treinadas. No mais, é importante comemorar demais esta vitória e exaltar a gigantesca atuação de Gerson. O coringa conseguiu ditar o ritmo da equipe na maior parte do tempo e nos momentos de maior dificuldade, se apresentou para manter a equipe competitiva dentro de campo.

SRN