Francês de 29 anos, fã do futebol e dos jogadores do Brasil, revela que trabalhar no Flamengo é um sonho. Charles Hembert é muito amigo de Ceni, virou o braço direito do técnico na equipe Carioca. Em entrevista ao GE, o auxiliar explicou como funciona na prática a parceria com Ceni e se tem interferência nas escalações e alterações.

Ele também lembrou como foi o processo da escalação de William Arão como zagueiro. Alteração que no início foi bem constada pelos torcedores e no fim do campeonato, Arão saiu como um pilar defensivo da equipe.

– Estamos todos os dias observando e experimentando situações. Nada acontece de um dia para o outro. O Rogério, particularmente, é muito observador. Sabe ler bem os atletas e suas características, mas para fazer isso com qualidade ele precisa de tempo. Todos os treinadores precisam. O Arão tem muita qualidade na saída de bola e chegamos à conclusão que ele poderia ajudar a melhorar esse quesito no time. Tanto que antes de entrar pela primeira vez como titular na defesa, já havia sido testado no treino e alguns jogos como zagueiro. Ou seja, treinamos e experimentamos algumas vezes antes de realmente tomarmos a decisão final.

Reprodução: Alexandre Vidal/CRF

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Confira:

GeQual a sensação para um estrangeiro trabalhar no futebol brasileiro e em um clube tão representativo como o Flamengo?

Charles Hembert: É uma honra trabalhar num clube tão grande. Nós europeus sabemos que o Brasil é o país do futebol e o Flamengo é o maior. Mais de 40 milhões de torcedores, uma estrutura de primeiro mundo e ainda por cima tem o Maracanã como casa. Muitos fatores agregados que me dão o prazer de dizer que represento o Flamengo. É um privilégio alcançado por poucos. Minha família e meus amigos têm muito orgulho de mim.

Há muitas pessoas que consideram que o futebol brasileiro ainda está defasado em relação ao europeu, principalmente no aspecto tático. Concorda?

O Brasil ganhou cinco vezes a Copa do Mundo. Inegavelmente tem os melhores atletas e o futebol mais qualificado. Não sou eu quem estou dizendo. É a história. A grandeza do futebol brasileiro é indiscutível. Aqui, nas competições, há alguns fatores que interferem um pouco no nível dos jogos. Viagens longas e muitos jogos em intervalos curtos são alguns deles. E mesmo assim o Campeonato Brasileiro é dos melhores para disputar, pois não é possível prever o que irá acontecer nas partidas. Cada um tem sua história, dificuldade. Já estou há algum tempo no país e digo tranquilamente que é uma competição bem emocionante.

Como funciona na prática, nos treinos e jogos, a parceria com o Rogério? Qual você acredita ser sua principal contribuição? As decisões de escalação e mudanças durante a partida são discutidas?

Minha função é ajudar o Rogério em tudo que ele precisar. Desde a montagem dos treinos à análise dos adversários. Fico bem próximo, discutimos sobre tudo. Trabalhamos intensamente em busca do melhor para o time.

Qual a expectativa para este início de temporada 2021, agora com ao menos alguns dias de preparação antes de o time principal começar a jogar?

Os jogadores ficaram parados 17 dias. Precisavam, depois de uma temporada desgastante física e psicologicamente. Neste início de 2021, queremos fazer uma boa pré-temporada, sem pressa, condicioná-los da melhor maneira possível para deixá-los preparados para um grande ano. Não vamos queimar etapas com ninguém.

Muito ansioso para poder desfrutar do Maracanã com a torcida do Flamengo?

Estou muito ansioso. Qualquer francês diz que o Maracanã é o estádio mais famoso do mundo. Trabalhar nele e com a torcida do Flamengo a favor é o sonho de todos. Não vejo a hora de ouvi-los cantando e nos incentivando.