Foto: Alexandre Vidal/CRF

Os primeiros minutos do confronto entre Flamengo x Corinthians seguiam um roteiro que parecia não criar muitas surpresas: Mengão com a posse de bola, buscando pressionar a equipe paulista no 4-1-3-2 já habitual de Ceni dessa vez com Bruno Henrique mais aberto e Arrascaeta mais centralizado, visando compensar o posicionamento mais conservador de Filipe Luís, que formava quase uma linha de 3 com Arão e Rodrigo Caio. O time não conseguia furar as linhas de 4 compactas corinthianas, porém em bola parada, Arrascaeta cruzou na medida para William Arão abrir o placar. Bruno Henrique quase ampliou o placar também em bola parada, após escanteio cobrado por Everton Ribeiro.

O jogo seguia seu curso natural, contudo com um Flamengo muito “blasé” no jogo, sem a mentalidade de um final de campeonato que estava participando. Mesmo com o placar a favor, o time não conseguia imprimir intensidade no jogo: seja na movimentação ofensiva, buscando encontrar espaços entre os volantes Xavier e Cantillo com os zagueiros Bruno Mendez e Gil. Everton Ribeiro buscava o jogo pela esquerda, contudo Isla ofensivamente foi muito mal, errando tomadas de decisão na ocupação de espaço o tempo todo. Já pela esquerda, Arrascaeta pouco contribuiu ao momento ofensivo, além de passes laterais. Bruno Henrique estava sonolento na partida, sem a velocidade necessária para conseguir vencer os duelos com Fágner e Gabi buscava auxiliar na construção saindo da área, porém sem efetividade.

Além do setor ofensivo pouco intenso, a dupla de volantes rubro-negra também fez um pouco intenso na primeira etapa. Gerson e principalmente Diego não conseguiam dar rapidez à posse de bola e, além disso, deixavam espaços entre as linhas de meio campo e defesa. Na primeira bobeada, Araos recebeu bola livre, vencendo facilmente Diego e dando passe nas costas de Arão, para Léo Natel ajeitar e finalizar para empatar o jogo. Antes de ser um erro de posição corporal de Arão em perder o contato com o atacante corinthiano, foi um erro do setor de meio de campo em dar liberdade para o meia chileno ter essa facilidade para tomar a decisão. O Flamengo continuou com uma posse inócua, onde terminou a primeira etapa com 69% de posse de bola, porém somente 2 finalizações ao gol. Já o Corinthians também continuou sem opções para realizar transições rápidas e continuou esperando a equipe rubro-negra.

Sem mudanças nos jogadores em campo, a segunda etapa começou mais elétrica para o Fla. Diferente da maior parte da equipe, Bruno Henrique voltou com a intensidade necessária de um jogo decisivo e já no primeiro minuto criou uma boa chance de marcar. O camisa 27 continuou a quebrar linhas corinthianas e gerar espaços, contudo Arrascaeta pouco aproveitava os espaços criados. Everton Ribeiro também estava mais ligado no jogo e criava situações pela direita. Aos 10 minutos, Bruno Henrique recebeu bola na entrada da área de costas e rapidamente girou para um bom chute, Cássio espalmou, porém Everton Ribeiro pegou o rebote e passou para Gabi marcar 2×1. Apesar do gol ter sido de Gabi, foi Bruno Henrique o responsável pela equipe sair da inércia e em 10 minutos conseguir além de ter a bola, ser incisivo no ataque.

O gol mudou o jogo, a partir daí o Flamengo decidiu trabalhar menos com a bola desde a zaga e apelou bastante para ligações diretas (e pouco precisas) de Hugo. O Corinthians também fez mudanças em atacado: Ramiro, Luan e Roni entraram no lugar de Cantillo, Xavier e Otero. O Corinthians passou a atuar com a bola nos pés numa espécie de 4-1-4-1, com Luan e Araos mais próximos de Léo Natel. Foi o momento em que o Flamengo mais sofreu no jogo, devido a presença de mais um meia aproveitando os espaços que os volantes continuavam a ceder, seja em transições ofensivas, seja buscando construir com a bola. Contudo, Vágner Mancini fez outra mudança que facilitou um pouco o trabalho do Fla: tirou o meia Araos, que era o melhor jogador corinthiano em campo e colocou o centroavante Jô para reconfigurar a equipe num 4-4-2, porém com Luan atuando como um volante. Além do Corinthians perder o meio de campo, facilitou o trabalho da zaga, devido a sobra que Filipe Luís gerava. Rodrigo Caio conseguiu anular Jô e o atacante pouco tocou na bola.

Pelo lado do Fla, Gabi (que sofreu uma entorse no joelho) e Diego deram lugar a Pedro e Gustavo Henrique. Com isso, Arão foi adiantado para o meio de campo. O camisa 5 deu mais pegada ao meio que Diego e dificultou ainda mais o trabalho do alviverde paulista. Gerson, com mais liberdade e mais intenso, teve grande chance de matar o jogo em bela arrancada porém no fim da jogada tomou a decisão errada em servir Gabi. O coringa também foi substituído para a entrada do descansado Pepê. Bruno Henrique e Arrascaeta também saíram no fim sentindo dores para as entradas de Vitinho e Michael. Os últimos minutos da partida foram de um ataque x defesa onde o Corinthians sem força no meio de campo e bem anulado no setor ofensivo pouco agrediu o Fla. O alvinegro paulista na verdade deu muitos espaços para que o Mengão fizesse o terceiro gol nos contra-ataques, porém Michael, Vitinho e Pedro perderam grandes oportunidades de aumentar o placar.

No fim, o Flamengo conseguiu o objetivo principal que era conseguir os 3 pontos, contudo passou longe de fazer um bom jogo. Um time com pouca pegada, um repertório ofensivo muito raso e pouquíssimo exigiu Cássio além dos gols. O time precisará ser mais intenso tanto ofensivamente, quanto defensivamente na decisão do próximo domingo contra o Internacional. A boa notícia foram os 15 ótimos minutos da segunda etapa de Bruno Henrique. Esse tipo de mentalidade precisa ser a toda equipe para buscar o octacampeonato.

SRN

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