Reprodução: Alexandre Vidal/Flamengo

Com um time de garotos que não possui entrosamento, o Santos veio ao Maracanã enfrentar o Mengão quase completo e com uma semana cheia de trabalho. O favoritismo era muito amplo e, para qualquer perspectiva de ser bicampeão campeão, vencer era obrigação para o Mais Querido. Voltando a jogar no 4-4-2/4-1-3-2, o Flamengo desde os primeiros minutos tentou amassar o alvinegro praiano com algumas ideias trabalhadas por Rogério. Com a presença de Natan ao lado de Rodrigo Caio, é nítido a maior capacidade de recuperação em bolas longas (pela maior velocidade da cria rubro-negra) e assim é possível trabalhar num bloco mais alto se expondo menos. É óbvio que o teste de ontem não é parâmetro para os desafios que o Flamengo ainda vai passar nesta temporada, a partida de ontem deixou clara que a dupla de zaga precisa de mais oportunidades.

Nas laterais, Filipe Luís tem agora mais responsabilidade em dar amplitude e opções de lado para Arrascaeta e Bruno Henrique trabalharem na zona de habilidade. Com Jesus, Filipe trabalhava muito mais por dentro, sendo mais uma opção qualificada de passe na saída de bola do que uma arma ofensiva em si. Já Isla continua sendo a opção na zona de força, porém não vem encontrado a melhor parceira pelo lado direito: Everton Ribeiro não consegue fazer bons jogos desde a volta da Seleção Brasileira, onde foi destaque. A camisa 7 da Gávea não consegue criar espaços para que o lateral chileno possa atacar e dificulta seu trabalho. Gabi tem tentando ajudar mais na construção, abrindo a direita com mais com frequência, mas o setor precisa do meia mais participativo.

Na faixa central, a evolução mais nítida do trabalho de Ceni ficou mais clara. João Gomes trabalhou mais próximo dos zagueiros e conseguiu trabalhar bem a saída de bola. E diferente dos tempos Jesus, onde tinha um papel mais cerebral de construção ofensiva, Gerson pisa cada vez mais na área com Ceni. Na partida de ontem, o “Joker” foi o principal destaque rubro-negro na primeira etapa. Atuando muita das vezes alinhado aos meias, trabalhou bastante no entre linhas do 4-1-4-1 santista, que cedia muitos espaços para o volante trabalhar e criar muitas oportunidades, seja com passes ou infiltrações na área. E o trabalho do volante durante toda a primeira etapa foi coroado com o gol em bola parada. Após escanteio, Arrascaeta cruzou para Rodrigo Caio testar a bola para pequena área, Natan testar na trave e Gerson testar para as redes. O 1×0 no primeiro tempo saiu barato pela quantidade de chances que o Flamengo criou, principalmente nos pés de Gerson.

Na segunda etapa, Felipe Jonathan entrou no lugar do disperso Tailson, enquanto o Mengão rapidamente definiu a partida em 12 minutos. Bruno Henrique voltando a trabalhar em diagonais curtas, deu bela arrancada e serviu Arrascaeta, que sofreu pênalti dentro da pequena área. Gabi cobrou com perfeição e ampliou aos 4 mintuos, 2×0. E aí a porteira se abriu: o Santos subiu as linhas, foi mais frente e deixou espaços para o ataque rubro-negro. Em enfiada, Arrascaeta não deixou a bola sair e tocou para Bruno Henrique, que driblou Madson e cruzou para a área, o goleiro João Paulo rebateu pe a bola sobrou para Filipe Luís completar, 3×0.

Com o jogo definido Ceni testou alternativas para a ausência de volantes no elenco, enquanto Cuca testou mais Meninos da Vila. Pedro deu lugar a Gerson e passou a atuar ao lado de Gabigol, enquanto Bruno Henrique passou a trabalhar na linha de meias a esquerda e Arrascaeta mais centralizado, na função do Coringa. Com o meia uruguaio mais recuado, o Flamengo ganha muito em qualidade para encontrar seus atacantes. Em transição ofensiva, Pedro passou para Everton Ribeiro que foi derrubado dentro da área: Penâlti. Gabi repetiu a cobrança e fez mais um, 4×0 aos 26 minutos. 3 minutos depois, em bobeira no lado esquerdo, Lucas Braga encontrou Madson, que cruzou para Bruninho (que havia entrado no lugar de Marcos Leonardo) marcar o gol de honra do Peixe. Além de Bruninho, Guilherme, Lucas Lourenço e o menino de 15 anos Ângelo entraram para tentar pressionar o Flamengo sem nenhum êxito. Do lado rubro-negro, mudanças em todo o setor ofensivo no fim: Vitinho, Michael, Pepê e Pedro Rocha entraram somente para ganhar minutos no lugar do “quadrado mágico” (Bruno Henrique, Gabigol, Everton Ribeiro e Arrascaeta).

No fim a vitória pelo placar elástico não é um grande parâmetro pela frágil equipe que o rubro-negro enfrentou. As bolas notícias estão nas mudanças sutis que Rogério vem trazendo ao modelo que busca reproduzir de Jesus. Com tempo para trabalhar e sem lesões, o Flamengo disputará o título Brasileiro até o fim, mas é preciso ser testado com maior exigência para que seja possível avaliar melhor o trabalho desenvolvido por Ceni.

SRN

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