Foto: Marcelo Cortes

Não demorou muito para Vítor Pereira cometer um dos erros mais condenáveis para um torcedor do Flamengo: tirar Arrascaeta de um jogo decisivo. Nem Jorge Jesus, com toda moral, foi poupado de críticas ao tomar atitude parecida contra o Liverpool em 2019.

Uma das estrelas do time, e um dos mais decisivos jogadores em atividade no futebol brasileiro, Arrascaeta continua sendo esperança do time e da Nação quando o assunto é jogo grande. Ninguém vai esquecer a jogada para o gol de Gabigol no final de uma decisão em 2019 ou dos dois gols marcados na Copa do Brasil contra o Atlético-MG na última temporada. São por conta desses momentos que o nome do uruguaio já está na galeria dos grandes craques da história do Flamengo.

Mesmo não rendendo o esperado no primeiro tempo, Arrascaeta é daqueles jogadores que aparece quando menos se espera. É um jogador capaz de um passe decisivo ou de um gol em momento crítico. A trajetória dele no futebol brasileiro, principalmente no Flamengo, comprova essa tese. Não precisa ir muito longe. Peguemos a Copa do Mundo como referência. No banco por opção do técnico uruguaio nos dois primeiros jogos de sua seleção, bastou ser escalado como titular, para fazer os dois gols da única vitória do Uruguai na Copa.

Num time desarrumado e com uma questão tática ainda frágil, como o Flamengo de hoje, um lampejo de um craque não pode ser desprezado. O fato bateu à porta. O talento de Arrascaeta fez falta quando o time, com um jogador a menos, perdendo o jogo, ultrapassava o meio de campo em busca de criação ofensiva e não tinha repertório para iniciar qualquer reação. Para complicar ainda mais, Vítor Pereira tirou Éverton Ribeiro, e o meio de campo do Flamengo tornou-se ainda mais burocrático e sem ideias.

Além da questão criativa e decisiva, o Flamengo perdeu a retenção de bola, tornou-se um time fácil de contra golpear, pois não tinha mais os seus três principais “seguradores de jogo” – Arrascaeta, Gerson e Everton Ribeiro. Com isso, não foram poucas as oportunidades cedidas pelo próprio time ao adversário. A verdade é que o Flamengo ficou sempre mais perto da derrota do que o contrário, e não havia muita esperança de um “coelho fora da cartola”.

A derrota para o Al-Hilal expôs todas as fragilidades táticas, físicas e técnicas do Flamengo. E expôs também que o trabalho de VP ainda é de dúvidas. Suas substituições nos últimos jogos decisivos comprovaram que ele ainda segue em fase de testes. Mas entre dúvidas e incertezas, a dica que fica para o treinador, é de tentar pelo menos acionar o botão de segurança, mantendo em campo principalmente o que faz o Flamengo diferente dos outros até quando as coisas não vão bem: os jogadores capazes de fazer a diferença.