Foto: Alexandre Vidal/CRF

Desde o apito inicial, RB Bragantino e Flamengo buscarão jogar futebol com conceitos muito atuais: Intensidade, compactação, marcação em 30 m, saídas de bola qualificadas (menos no caso do Braga). Transições ofensivas rápidas, times que tinham mecanismos ofensivos claros e bem treinados. Em termos de conceitos de jogo, RB Bragantino x Flamengo foi um dos melhores jogos do BR nos últimos tempos.

A equipe paulista sofreu desde os primeiros minutos com a marcação intensa e bem postada do Mais Querido. Em bloco médio/alto o Mengão marcava no mesmo 4-1-3-2 em que atacava o adversário. Os meias Everton Ribeiro e Arrascaeta marcavam os laterais Aderlan e Edimar, Gabi e Bruno Henrique estavam em cima dos zagueiros Léo Ortiz e Ligger e Gerson era o responsável pelo encaixe em Raul. O Mengão sufocou a saída do Massa Bruta e limitou sua transição a bolas longas em busca de Artur

Claudinho, o meia central 4-2-3-1  paulista, era marcado quase de forma individual por João Gomes. Era claro o respeito e a dedicação para que o meia tivesse pouco tempo com a bola nos pés. Se não era João Gomes em cima do atual artilheiro do Brasileirão, os meias abertos do Fla rapidamente centralizavam para fechar as  linhas de passe e transições de Claudinho. Defensivamente o Flamengo foi muito bem nos primeiros 45 minutos e somente sofreu na pressão pós-perda que o Bragantino também realizava na posse rubro-negra.

Sem a presença de Diego Alves com um passe qualificado, Hugo não conseguiu ser uma válvula de escape da equipe para conectar Bruno Henrique. A jovem cria da base precisa aperfeiçoar seu trabalho com os pés urgentemente. Sem Diego, a saída de bola sofreu um pouco com a pressão dos pontas Artur e Helinho e do centroavante Ytalo, muito por conta da inexperiência e falta de qualidade no passe de João Gomes. O volante não aparecia para receber a bola nas linhas de passe e muita das vezes forçava Filipe Luís a conectar diretamente Arrascaeta. Do lado direito, Arão conseguia trabalhar com Everton Ribeiro, mais recuado, na região.



Mesmo com as dificuldades de ambas equipes em vencer as marcações adversárias, houveram oportunidades na primeira etapa, principalmente em transições ofensivas rápidas. No caso da equipe paulista buscando Artur, já no caso do Fla buscando Gabi e Bruno Henrique. O Flamengo também conseguiu ser mais incisivo e roubar mais bolas no setor ofensivo, assim gerando oportunidades.

Gustavo Henrique, que já havia perdido grande oportunidade na pequena área, foi agarrado pela camisa dentro da área. Pênalti marcado e convertido por Gabi: 1×0. Após o gol, Bruno Henrique perdeu grande oportunidade de ampliar o marcador, contudo parou em Cleiton. O primeiro tempo terminou de forma equilibrada tanto na posse (51% para o Fla), contudo com o Flamengo chutando mais a gol (10×6)

O segundo tempo começou parecido com a primeira etapa, entretanto com o RB Bragantino buscando ter mais a bola. A marcação da equipe paulista subiu alguns metros e foi mais agressiva em cima dos zagueiros Arão e Gustavo Henrique. O Flamengo também continuava a marcar alto e pressionava a saída bragantina, com Arrascaeta mais ao centro e Bruno Henrique mais aberto. Em dois lances quase ao mesmo tempo, teve duas oportunidades cristalinas de marcar em roubadas de bola no setor ofensivo, contudo Bruno Henrique e Everton Ribeiro perderam grandes oportunidades.

A ineficiência em converter em gols as oportunidades criadas pelo Fla foi punida aos 18 minutos da segunda etapa. Em bola enfiada à esquerda para Helinho, Isla não interceptou a bola e deixou o atacante livre para cruzar para a área e encontrar Ytalo livre para empatar o jogo. A partir daí, o Flamengo tentou ter mais a posse e empurrar o Braga para a zona defensiva, porém o jogo tornou- se menos intenso no meio, onde ambas as equipes trabalhavam com mais facilidade em transições ofensivas. Arrascaeta perdeu grande oportunidade após bola roubada de Aderlan no lado direito.

Com os times cansados pela intensidade em campo, as mudanças foram feitas já próximas ao fim do jogo. Maurício Barbieri inicialmente somente colocou peças descansadas ao trocar Ytalo e Ryller por Hurtado e Ramires. Aos 43 minutos do segundo tempo Ceni mexeu pelas primeiras vezes: Pedro e Vitinho entraram no lugar dos volantes João Gomes e Gerson. Com isso, Everton Ribeiro foi recuado para a função de Gerson ao centro e Gabriel se posicionou aberto à direita.

Ambos os treinadores continuaram a reoxigenar as equipes já nos acréscimos: do lado paulista, Tubarão e Luan Cândido entraram nos lugares de Helinho e Edimar, com isso Claudinho trabalhou mais pela esquerda e Tubarão mais dentro da área. Do lado rubro-negro, Matheuzinho e Vitinho entraram no lugar de Isla e Bruno Henrique. No fim, o jogo se tornou um ataque x defesa, onde o Flamengo buscava a todo custo fazer o gol da vitória, porém cedendo espaços para as transições rápidas adversárias. Claudinho em duas oportunidades perdeu oportunidades na meia-lua, em finalizações ruins, enquanto Pedro quase marcou já no final, após bom passe de Matheuzinho.



No fim, o Flamengo foi melhor e produziu para vencer o jogo. Mas tanto o erro defensivo de Isla quanto principalmente a ineficiência ofensiva fizeram com que o Mengão não conseguisse transformar sua superioridade no jogo em gols. Além disso, a demora para colocar Pedro no jogo (muito devido a ineficiência ofensiva apresentada) é algo que pode ser questionado a Ceni. São 2 pontos perdidos que podem custar caro no fim da competição, todavia enfrentando um dos adversários mais qualificados do país nesse momento.

O RB Bragantino é um time moderno que marca e joga, buscando aplicar conceitos atuais mesmo com as limitações técnicas de seu elenco. Um clube que se continuar nesse caminho, se consolidará no cenário nacional. O Fla não perdeu pontos para qualquer equipe, porém por ser uma equipe melhor e a necessidade do resultado, o tropeço não se torna menor.