Alguns torcedores receberam a triste notícia ontem (2) que o cria da base do Figueirense e Flamengo, campeão da Copinha em 2016 com o Mais Querido, o zagueiro Dener Machado, de 23 anos, comunicou, através de suas redes sociais, que encerrou a carreira de jogador de futebol de maneira precoce.

Dener sempre teve os direitos ligados ao Figueirense. Chegou ao Flamengo em 2014 por empréstimo, e o time catarinense sempre prorrogava o vínculo do zagueiro com o Rubro-Negro. Em 2019, o ex-zagueiro retornou de forma definitiva ao Alvinegro e ficou dois anos sendo tratado pelo departamento médico do Figueira.

Procurado pelo jornalista Venê Casagrande do jornal O Dia, o ex-jogador revelou os motivos que o fizeram largar a carreira e sobre alguns erros dos profissionais que trataram a lesão dele:

“Fiz essa primeira cirurgia em 2017. Comecei o tratamento dedicado, como sempre fiz. Com três, quatro meses, eu comecei a reparar uma frouxidão no meu joelho e relatei isso aos médicos e fisioterapeutas. Eles falaram que era normal, pois teve ganho de massa muscular. Entrei na transição com cinco meses, e essa frouxidão continuava. Eu fazia trabalho de finalização e acabei tendo uma entorse leve no joelho e senti dores. Fiz exames e me falaram que estava tudo certo. Sem problemas. Isso no final de 2017. O joelho inchou, eu tive que parar por duas semanas a transição e voltei depois com o mesmo problema: a frouxidão no joelho”.

“Em começo de 2018, me colocaram para treinar junto com o grupo, mesmo com aquele problema e incômodo, e eu a todo momento relatando. Fiz treinos no profissional. Fiz jogo amistoso no profissional (contra o Tigres, imagem abaixo) sentindo bastante dores. Sentindo incômodo e frouxidão. Mas, como te falei, fiz exames e me passaram que estava tudo certo. Como eu estava sem espaço e acabava o meu contrato, o Figueirense solicitou a minha volta. Cheguei ao Figueirense e foram me avaliar. Eu passei essa situação do meu joelho, observaram essa situação, acharam estranho e pediram um exame. E foi aí que veio a surpresa. Eu estava sem o cruzado, treinando há oito meses com o cruzado rompido, como se não tivesse feito a cirurgia. E depois, pegamos exames feitos em 2017, apontava que o cruzado estava mal visibilizado, onde qualquer médico ortopedista que pegasse para analisar, viria que precisaria de uma nova cirurgia. Isso não foi passado para mim na ocasião.”

“Então, cheguei ao Figueirense, os médicos não me aceitaram, pois estavam com o ligamento rompido e estava treinando mesmo assim. Voltei ao Flamengo e conversaram comigo para não fazer uma nova cirurgia, pois falaram que eu estava treinando há muito tempo e eu iria acabar perdendo muito tempo. Eu pedi para fazer, e a cirurgia acabou sendo realizada. Fiz o tratamento no clube, mas, mesmo assim, eu vinha apresentando falta de flexibilidade no joelho. Eu fiz essa segunda cirurgia na época da Copa do Mundo de 2018. Então o clube estava de recesso. Fizeram a cirurgia e me deixaram de 15 a 20 dias sem mexer o joelho, sem ter o fisioterapeuta para acompanhar. A princípio, iam me oferecer uma clínica de fisioterapia, mas dois dias antes da cirurgia me passaram que era para ficar de repouso em casa. Isso fez o meu joelho ficar duro. Muito duro. Isso causou uma fibrose muito forte. Isso foi descoberto alguns meses já no Figueirense treinando.”

“Fiz uma nova cirurgia já no Figueirense, fiz uma limpeza, a fibrose já tinha pego a cartilagem também. Causou um problemão… meu ligamento cruzado, que tinha sido operado, já estava frouxo também. Eles tinham mexido no meu canto postoraletal, que é a lesão de Thiago Maia (atualmente no Flamengo). É muito chato eu falar isso, mas não posso deixar passar, pois acabou com a minha carreira.”

Quando questionado se os médicos que fizeram as duas cirurgias nos tempos de Flamengo eram funcionários do Rubro-Negro carioca, Dener, novamente, evitou citar nomes e resumiu:

“A primeira cirurgia foi um médico do Flamengo que fez. A segunda foi um especialista fora, mas que operava jogadores do Flamengo também”.

O martelo para largar o futebol foi batido após uma consulta com o seu ortopedista particular. Dener explicou que fez exames e consultas e foi constatado que ele teria que fazer uma nova cirurgia para corrigir a lesão no ligamento cruzado no canto posterolateral, mas teria que ficar dez meses em processo de recuperação.

“Foi nesse momento que decidi parar de jogar. Eu cheguei ao limite e não dava mais para mim”.