Reprodução: Antonio Lacerda/EFE

O jogo da noite de ontem começou de forma surpreendente do lado argentino do confronto. Ao invés de pressionar o Flamengo e buscar seu gol qualificatório, o Racing esperou o Mais Querido e dessa realmente atuou num 5-4-1, com os alas Frederico Dominguez e Mena formando a linha de cinco com os três zagueiros e saindo em poucos momentos. Enquanto Fértoli pelo lado esquerdo fazia boa recomposição e atrapalhava muito o trabalho de Isla e Everton Ribeiro pelo lado direito, Reniero não conseguiu acompanhar o ritmo pela direita e foi sacado no final do primeiro tempo por isso e uma possível lesão. O Flamengo atuou num 4-4-2 sem a bola com Bruno Henrique e Vitinho sobrando na linha de ataque e com a bola, o camisa 27 abria a esquerda e Arrascaeta ia ao centro. Pelo lado esquerdo, o clube da Gávea foi mais incisivo na maior parte do primeiro tempo. Vitinho mais centralizado fazia bom jogo, porém perdeu as principais oportunidades do Flamengo no jogo. Everton Ribeiro pelo lado direito fez jogo muito apagado e não conseguiu se desvencilhar da defesa argentina, mesmo com o apoio de Isla. Gerson e Arão fizeram bom jogo e conseguiram vencer o confronto no meio contra Miranda e Rojas, principalmente pela menor preocupação com a saída de bola atrás.

 

A zaga já é um parêntese a parte: Rodrigo Caio fazia ótima partida e conseguia anular completamente o atacante argentino Lisandro López, enquanto Gustavo Henrique fazia partida decente. Porém com a entrada de Alcaraz no fim do primeiro, o Racing passou a ter dois homens mais próximos dos zagueiros e isso foi aos poucos sobrecarregando Rodrigo Caio, pela indecisão de Gustavo Henrique. O camisa 3 já havia feito falta dura no primeiro tempo e a conta veio na segunda etapa: pisão em Licha López e expulsão justa. Rodrigo Caio tem responsabilidade pelo cartão vermelho, mas ela precisa ser compartilhada com a companhia de um zagueiro inseguro e psicologicamente muito abalado. O castigo maior viria a seguir: falta na área, Gustavo Henrique corta mal e praticamente dá um passe para Sigali abrir o marcador. Mesmo com um jogador a menos, o Flamengo foi buscar o empate. Rogério Ceni decidiu tirar Everton Ribeiro e Arrascaeta para recompor o time com João Lucas no meio e Arão na zaga, além de ter a referência Pedro na área. As substituições para este que escreve foram equivocadas: apesar de fisicamente e até tecnicamente os meias não ter realizado bom jogo, a presença de Vitinho em campo durante os 90 minutos após a sucessão de erros é difícil de entender. A partir daí, o jogo se tornou completamente aleatório. O Flamengo partiu pra um 4-4-1 sem nenhuma coletividade. Vitinho e Bruno Henrique individualmente pelos lados buscavam Pedro de forma completamente aleatória com os laterais Isla e Filipe Luís bastante abertos.

Becaccece já havia colocado Montoya no lugar de Fértoli para dar gás ao lado esquerdo e precisou recompor a zaga com Orban no lugar de Nery Dominguez. Já o Flamengo partiu para um abafa final com Diego no lugar de Gustavo Henrique. No fim o único zagueiro da equipe fez o gol do empate: Belo escanteio de Diego e Arão testou para levar a decisão para os pênaltis. Apesar da emoção do empate, nos pênaltis o Racing foi melhor nas cobranças e saiu classificado do Maracanã. A derrota é dura e precisa gerar indignação dentro do clube. Duas eliminações em 20 dias e o Flamengo está fora dos mata-matas este ano. Entretanto é preciso tirar as coisas positivas de hoje dentro de campo e avaliar a situação de alguns atletas que claramente demonstram que não conseguem jogar no Mengão, em especial Vitinho e Gustavo Henrique. Além disso entender que havia um adversário muito grande, apesar do Racing em campo ser pior que o Flamengo, é um clube de muita tradição e conseguiu ser competitivo contra o ainda melhor elenco da América. Porém no final, o maior adversário do Flamengo foi o próprio clube. O clube produziu para estar nas quartas de final da competição, porém parou nos próprios erros.

SRN

Twitter: @ds_fortunato